"É natural que o sexo ajude a fortalecer outros vínculos, e o
problema não é esse.
O problema é que continuamos a acreditar que o sexo, e só
o sexo, possibilita, e de fato obriga, uma forma diferente de amor, mais
sublime, superior, mais verdadeiro. Desse modo, pessoas heterossexuais só podem
amar “de verdade” pessoas do sexo oposto, e pessoas homossexuais só podem amar
“de verdade” pessoas do mesmo sexo. Mais do que isso: dentro dessa lógica, só
me é permitido amar “de verdade” alguém que pertença àquela pequena parcela da
humanidade que eu considero atraente sexualmente. Ou então, pior ainda, eu
tenho a obrigação de sentir atração sexual por qualquer pessoa que eu ache
extremamente importante na minha vida, e apenas por essas pessoas. Sentimento
profundo e sexo são fundamentalmente indissociáveis dentro desse contexto. Não
há sexo sem amor, e não há amor “verdadeiro” sem sexo.
Ora, que amor é esse? Esse é o amor de Shakespeare, Göthe,
Hollywood e Disney. É o amor que já vem com fórmula pronta, lotado de expectativas,
cobranças e “a prioris”, que só fazem sentido na monogamia compulsória. Não é o
amor que queremos. Ao menos, não é o amor que eu quero. O amor que eu quero não
vem formatado, e é diferente pra cada pessoa na minha vida.
No latim, “amor” e “amica/amicus/amicum” vêm do mesmo
radical. Amigx é algúem que se ama. Todas as pessoas que eu amo são minhas
amigas. Em alguns casos há sexo, em outros não. E isso não determina nada."
Loucas Lolli sendo lindo s2
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