Sou muito egoísta com quase tudo e o ponto alto dos meus inúmeros defeitos é não mover uma palha pra tentar ameniza-los. Dessa vez, acredito que a primeira e última, percebi que seria imaturo e muito egoísta da minha parte pedir pra ficar. Como se ele fosse um passarinho bem pequeno que eu tivesse que cuidar e cada dia mais ele vai crescendo, crescendo, crescendo... O difícil é que eu amo meu passarinho e odeio gaiola, jamais o castigaria dessa forma. De que adiantaria o meu passarinho ter o infinito e ficar preso a mim? Além do mais, um dia meu passarinho ia crescer muito e eu sabia bem disso, e então, a partir daí, só o meu amor não bastaria pra mantê-lo aqui... Ele precisaria de algo que eu não tenho ideia do que é, nem tenho ideia de como conseguir, mas, eu tentaria... Tentei, em vão, mas, tudo bem.
É engraçado imagina-lo por ai sem mim (poxa, é meu passarinho e eu sou egoísta, vai ser sempre meu e de mais ninguém), dessa vez não, abri mão de tudo que eu poderia usar pra te prender, só pra sentir uma pitada da dor que é te ver por ai livre, sem se quer lembrar que um dia, você foi só meu passarinho, mas, eu me dou por satisfeita em ter algumas fotos e as inúmeras lembranças dos dias tristes que você trouxe um pouco mais de cor. Você é tão bonito passarinho, acho que você é o passarinho mais bonito do mundo...
Eu sei que vou sentir muita falta dele, tenho certeza que sim. Fui forte o suficiente para deixa-lo ir, mas, não aguentei ser suficientemente forte pra conter as lágrimas já cheias de saudade dele. Acho que nunca mais quero ter outro passarinho, nenhum outro no mundo cantará para eu dormir como esse fazia. Ah passarinho, foi pouco tempo, mas, foi muito bom te ouvir cantar enquanto eu pude.
Talvez eu esteja mais humana, carente e incompleta sem meu passarinho e eu odeio essa sensação de ter sido forte por tanto tempo e agora estar aos cacos, isso sim pra mim é covardia, eu me deixo levar pelas minhas ideias de coragem e me sinto uma idiota infeliz, mas, na visão dos outros, continuo forte e bem... Vou acreditar que eles estão certos. Uma vez li que coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É aceitar doer inteiro até florir de novo. Hoje estou me doendo, sinto cada pedacinho do meu corpo pedindo pra alma parar de precisar do que eu não possuo e nem posso oferecer.
Vou ficar aqui, imóvel, por um bom tempo. Estática e ridícula esperando que o meu passarinho volte. Não vai voltar.
Tudo bem, amanhã ou depois eu começo a florir. O que se há de fazer?