Obs2: Esse texto necessita de fundo sonoro, fica minha sugestão.
Obs 3: Se eu estiver errada e você ler, por favor, o fundo musical é obrigatório pra você.
Eu acredito sim em términos
felizes. E não digo felizes para sempre, eu falo é em ser feliz cada um pro seu
lado tentando superar esse erro (desculpa, sou totalmente inadequada), e tem mais: eu também acredito em
gente de verdade, gente que sente algo e vai atrás do impossível pra conseguir
o que quer e ter uma pitada de felicidade em dias que ninguém parece se importar
com ninguém. Você é uma das pessoas mais “de verdade” que eu conheço, mesmo que
você não saiba, mesmo que você negue tudo, eu sei, eu te conheço. Isso basta
nessa noite.
Primeiro de tudo, me desculpa, me
desculpa do fundo daquilo que eu tenho, se é que ainda é um coração, acho que
não... Acho que nunca foi. Sei lá, isso não importa mais a essa altura do
campeonato.
Nossas brigas, sempre foram
intensas demais, da mesma forma que nossos carinhos eram. No fundo, eu sabia
que não era feito pra durar. Visto que gosto de chuva, o que nos temos hoje
(não sei se posso chamar de amor): é tempestade. Sempre foi muito forte, muito
intenso e muito nosso. Era de se esperar que tivéssemos brigas nessa proporção,
era mesmo.
Eu não queria ser do jeito que eu
sou e não queria que você mudasse em nenhum detalhe. Eu me apaixono por estragos,
eu quis você desse jeito, eu aprendi a te admirar assim, eu gosto de gente
torta, sem ideia fixa e com a mente confusa. Identifico-me com tudo que se
perde. Porque pra mim “se perder também é caminho” e pode ser um caminho lindo
ou não. Como se as curva na estrada e os buracos me instigasse, preciso de algo
mais forte, odeio estradas retilíneas e tranquilas.
Mais um gole no café, nada melhor
pra perdurar meu sofrimento essa noite, mas tudo bem, eu aceito a minha derrota
e sofrer também é uma forma de se conhecer. Hoje, sem medo, tenho certeza que
você é parte de mim. Não sei se dos meus erros ou dos meus acertos, mas, sem
dúvida, tá aqui dentro em algum lugar.
“Só o amor não basta”, foi o que
você me disse, eu sempre achei que bastasse. Quando eu era criança (até hoje de
manhã) minhas brincadeiras favoritas na praia eram enterrar o tio gordo na
areia -engraçado, isso me fez lembrar minha amiga, nunca fomos a praia juntas,
mas, ela com certeza me ajudaria a enterrar meu tio na areia, diria que ela é
uma das pessoas que me rouba da solidão -Obrigada- se um dia ela ler isso, vai
saber que é dela que eu estou falando- Voltando ao foco, Renata: uma das minhas
brincadeira prediletas era enterrar o tio gordo e a outra era fazer castelinhos
de areia e imaginar uma vida dentro dele, a vida mais feliz que eu conseguisse
pensar, com cachorros, rosas pela casa, café da manhã com suco natural e pão
fresquinho.
Nossa relação era o meu
“castelinho de gente grande”, imaginei e vivi a vida mais feliz que eu pude
dentro dele (tinha buquê de flores no dia dos namorados e tinha ursinhos de
pelúcia. Sabe o melhor? Era real). Mas, assim como os outros, do nada, ele cai,
assim mesmo, de repente desmoronou e não passou de areia da praia (a mesma que
eu enterrava meu tio).
Longe de eu ser a princesa desse
castelo (nunca quis ser), mas era como se você fosse meu príncipe e hoje eu vi
que meu príncipe estava indo embora junto com o castelo que eu demorei tanto tempo
para construir e demorei mais tempo pra acreditar que eu podia habita-lo, que
eu fazia por merecê-lo lá dentro... Estava desmanchando em minhas mãos e eu não
podia fazer nada para impedir. Era o efeito natural de tudo: nascer e morrer.
Falando em nascer, eu não sei bem
como isso nasceu dentro de mim. Não sei se fui eu que sonhei com você ou se foi
você que sonhou comigo, só sei que é tudo abstrato entre nós, vezes colorido, vezes
preto e branco. Não importa isso também!
Está na hora de aceitar que eu
cresci e parar de criar fantasias que me envolvam e te envolvam também. Não
quero mais um castelo, só um quarto, sozinha, em que eu consiga me achar e
descobrir o que eu sou mesmo, sem medo de aceitar meus demônios e meus anjos. E
depois que eu conseguisse aceitar e entender... hum, os mataria. Não aceito
nada que não sou eu, eu mesmo. Eu sou o meu anjo e sou também meu demônio. Eu
me odeio por isso, eu me odeio pela minha dualidade em tudo.
Depois que eu me achar dentro de
mim, te chamo aqui pro meu quarto e vamos dormir em camas separadas dessa vez,
não quero mais sentir um calor que não seja meu. Por essa noite eu me basto, só
o meu calor pode me aquecer – essa foi a pior mentira que eu já disse. Essa
noite eu não me aguento, essa noite eu não me basto.
Essa noite queria tirar a alma
pra fora e ficar só com o corpo deitado. Ia pedir pra minha amiga levar minha alma pra passear enquanto o corpo descansa da rotina ridícula que temos que
seguir e um momento de fraqueza (como tantos outros) juntaria meu corpo frio
ao seu corpo quente, cheio de alma e ai sim, estaria satisfeita essa noite- –
essa foi a pior mentira que eu já disse. Essa noite eu não te aguento, essa
noite você não me basta.
Esse é o problema, ficar
procurando chão durante a queda e não sentir a liberdade do cair. Essa noite eu
vou cair, cair até que eu bata com o corpo no chão e descubra o que é sentir
algo de verdade! Essa noite eu tento me descobrir – isso basta!
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