01/10/2013

Diga que você me quer (...) 


- É aqui que eu moro, pode entrar.
Ele continuou me olhando, entrou sem entender, apenas entrou... Renata, sua idiota, facilita. - pensei.

- J'habite (como é que era casa mesmo?) this house.
Ele riu e pegou na minha mão. 
Droga, solta a minha mão.
E falou com aquele sotaque meio cantado: eu entendi.
Francês arrogante, viu. Passo a tarde mostrando tudo o que a unicamp tem, ensinando a falar: Viga, pilar, cimento e ele ainda ri do meu francês misturado com inglês... Na próxima não explico.
Ele continuou: - Gosta como você fala de tudo para que je entenda.
Minha vontade era rir no começo, mas depois que eu entendi, confesso que fiquei meio sem jeito. 

Algumas cervejas depois... Ah deixa pra lá, não quero escrever sobre isso.
Na realidade quero, mas não posso. Não realidade posso mas, não vou! Vai que ele lê. 
Merda de moralismo, merda de amores mal resolvidos, merda de França. Eu sei, eu sei. eu entendo.
Você é lindo, você tem os olhos mais azuis que eu já vi, mas cara, isso não é suficiente.
E olha que eu nem vou levar em consideração os seus braços fortes me empurrando pra parede. 
CARA, EU FUI MUITO FORTE.

Acontece que a gente se vê há pelo menos uns 20 dias e a gente conversa no fim de semana, tá entendendo? Não é normal, eu tenho que te ensinar Português pra te ajudar na Engenharia e você me ensina Francês porque eu adoro francês. Só isso. Eu não devia te trazer na minha casa e você não devia me ligar sexta a noite pra comer pizza. TÁ TUDO ERRADO, MAS TÁ TUDO CERTO.
Enfim, as vezes você não entende uma palavra, as vezes eu também não entendo. Mas uma coisa não da pra negar, a forma como você me olha é muito bonita.

Quando você me perguntou do meu último namorado, eu quis te matar, sabia?
Você não sabia e não sabe, mas é um assunto proibido. Foi engraçado porque você me fez lembrar de coisas que eu não lembrava, de momentos bons, sabe? Coisas que foram boas, acabaram, não doem mais e agora se tornam divertidas contando pra outro cara que está colocando meu cabelo atrás da minha orelha e dizendo que meu sorriso iluminaria Paris inteira.
Ah não, não fala de Paris. Qualquer menina estaria muito na sua, mas eu não. SÉRIO, a gente não precisa disso.

Você disse que quer continuar meu amigo, mesmo se rolasse alguma coisa (todos disseram que queriam continuar meus amigos, nenhum deles continuou) e disse também que eu era diferente. Que eu  sou uma das únicas brasileiras que conseguem  vê-lo sem maquiagem. Não entendi se isso é bom, espero que seja. Até porque, não vou me maquiar pra te ver segunda as 8am. Não mesmo!

Você disse que eu devo acordar bonita! Porra que jogo baixo da sua parte.
\Você disse que tem medo do que pode acontecer, eu também tenho, sabia?
Eu já fiz muitos caras legais sofrerem, não por mal, mas fiz. Não quero te colocar na minha lista.

Você sorriu, eu te dei um beijo na nuca e desci do carro, bati a porta. Quando estava abrindo a portão, você me chamou. Voltei para saber o que era. Você acendeu a luz do carro e por segundos me perdi nos seus olhos. Cara, eles são incríveis mesmo. Você falou alguma coisa sobre nos. Nos quem? eu só conseguia me concentrar nos seus olhos.

Na realidade não existe nos, não ainda e, no que depender de mim, te preservarei vivo, não quero que você se torne um fantasma, não quero mesmo.
  

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