26/07/2014

a gente é que se esquece

Durante um tempo joguei esconde-esconde com os meus fantasmas (os terríveis e os gentis). Foi uma época difícil, os dias me viravam do avesso e desviravam e viravam novamente. As horas pareciam brincar com meus problemas e eu já não sabia ao certo quem ou o que me moldava, se eu era o que pensava ser ou se era o que eles falavam que eu era... Depois de muita dor, de algumas despedidas e várias mensagem escritas mas nunca mandadas, acabei percebendo que tem gente que tenta te fazer de reflexo do reflexo do reflexo de tudo que elas são, de tudo que elas negam ser.
A maior merda não foi a minha, o maior erro não foi meu, foi de vocês. Alívio, essa é a palavra. Eu me tornara o que eu já era. Nem terrível, nem gentil. Com todos os meus erros, com todos os meus estragos, com toda a minha imperfeição mas com todo o amor, carinho e cheia de preguiça aos domingos a tarde, como sempre fui.

A Lya me disse, me escreveu, me atormentou, me fez sonhar com muitas coisas que eu não entendia e, de tanto ela repetir, eu acabei aprendendo meio que "na marra" mesmo. Ou, como ela mesmo me diria, com o tempo. Não adianta o esforço, não adianta a lágrima, não adianta o perdão. Ela estava certa sim, o tempo é um rio que corre!

Na ambiguidade, que tanto me caracteriza, acho que fico a mercê da eterna dúvida: E se tivéssemos a consciência de que estamos em frequente transformação e que tudo é passageiro e pode acabar em alguns minutos/anos/décadas - tanto faz- ... Eae? Daríamos mais valor ao instante ou já cortaríamos os laços que estão fadados ao fim? Não sei, não sei de verdade.
E se cortássemos os laços? E se tivéssemos conseguido nunca começar, como seria agora? Valeria a pena? ...

Eu não fiz nada para ela, acho que deveria ter feito, pelo menos assim, ela falaria com razão e não gostaria de mim de verdade. Amigos são amigos, eu não mudei a essência, se gostava de mim antes, deveria gostar muito mais agora. Bom, paciência, talvez nunca tenha gostado, talvez ainda goste mas, dentro do superego, não se permite ver a verdade e perceber que ela só sublimou o próprio erro e o descontou em mim. Eu não fiz isso e nunca faria, a consciência está tão leve que flutua.
Não precisa me escutar, não precisa gostar de mim, não precisa me tratar bem mas precisa ter respeito, precisa ter sinceridade, precisa se sentir menos dona da verdade e mais dona do próprio caminho. Falando em caminho, segue o seu e para com essa rincha ridícula que só você participa, engole esse veneno, não quero saber do que eu não fiz. Supera o que não aconteceu e fica bem, não quero te ver mas quero que seja muito feliz, assim mesmo, longe de mim.

Nada é banal, a gente e que se esquece!
Mas, algumas coisas, a gente não pode esquecer. Outras, a gente luta todo dia para não lembrar.
Então, no esforço para esquecer, a gente acaba lembrando... Não com a doçura que deveria lembrar mas, ainda assim, lembra. E os dias correm, passam, se vão e então a gente se da conta que não lembra, que esqueceu, tornou-se banal... Não, eu que me tornei bem mais esquecida do que antes. Jamais será banal, jamais.

Mais uma vez, as contradições do tempo são as nossas: ele mata, ou eterniza, e para sempre estará conosco aquele cheiro, aquele toque, aquele vazio, aquela plenitude, aquele segredo. O nosso segredo!

Que cheiro de novos ares, estou de partida.
O passaporte nas mãos, as mãos no bolso,
engolindo o medo até porque se der medo na hora, eu vou com medo mesmo.
Que parte de mim você vai levar? Que parte de você eu vou levar? Pode escolher, ainda da tempo.
Fica aqui a minha despedida.

Se a Lya estiver certa e o tempo for realmente um rio, navegar é preciso.
A minha eterna gratidão a vocês <3




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